São Nicolau: Deputado do PAICV elenca quatro sectores que dificultam desenvolvimento da ilha
Escrito por Redacçao em 15 de Abril, 2024
O PAICV (oposição) disse hoje, na cidade da Praia, que a situação da ilha de São Nicolau é cada vez mais difícil devido ao serviço prestado pela TCV, sector da saúde, má gestão dos recursos do Estado e transportes.
A declaração foi feita, em conferência de imprensa, pelo deputado do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) eleito pelo círculo de São Nicolau, Hipólito Barreto, que elegeu quatro sectores para criticar por dificultaram o desenvolvimento e apontou dificuldades que tem tido em divulgar acções no meio de comunicação social pública, a TCV, mais concretamente.
“Para ficar bem claro que não estamos a referir à Inforpress, muito menos à Rádio Nacional. Estamos a falar, sim, da TCV (Televisão de Cabo Verde). Mensalmente fazemos o balanço das visitas ao Círculo Eleitoral, os funcionários da TCV na ilha comparecem, alegam que enviam a peça, todavia, nalgumas vezes não são transmitidas”, asseverou.
Face a este problema o deputado do PAICV para São Nicolau considerou tal atitude uma censura para com a oposição, ressaltando que a TCV está, em parte, a condicionar o seu papel de fiscalizar e denunciar “insatisfações” populares.
“Há uma clara tentativa de silenciar o deputado eleito pelo PAICV e o povo de São Nicolau. Perante o exposto, o nosso apelo vai no sentido de que o conselho de administração da TCV, que tomou posse no passado dia 26 de Março se inteire das situações descritas e assim pôr cobro aos desmandos que ferem princípios da democracia”, acusa o deputado.
Refere ainda que a delegação da RTC na Ribeira Brava está trancada a sete chaves e que o Tarrafal carece de coberturas devido à disponibilização de viatura que permita dar cobertura jornalística no concelho, ficando os profissionais à mercê de boleia.
Isto porque, justificou, a única viatura existente foi enviada para outra ilha, deixando São Nicolau “desguarnecida”.
Em relação ao sector da saúde, esclareceu que há uma diminuição do investimento, representando a volta de 8,9% do Orçamento do Estado.
“Se no sector da Saúde houve um decréscimo de 105 milhões de CVE, por outro lado, temos um Governo gordo e despesista. Imaginem! Só em deslocações e estadias gasta, em média 7 mil contos mensais, ou seja, 243.220 escudos por dia, sem esquecer os 55 mil contos gastos na conferência na ilha do Sal e 3,6 milhões de euros, em média 400 mil contos, em Ocean Race”, elencou.
Apontou ainda que dados do relatório da Direcção Nacional da Saúde, publicados em 2020 indicam que a taxa de óbitos na ilha é a mais alta do país, devido a problemas graves de saúde e que vêm se arrastando ao longo dos últimos 8 anos.
“Na Ribeira Brava registou-se 39 óbitos, equivalente a 10,5% do total, enquanto, a média nacional foi de 5,9%, quase o dobro. No Tarrafal registou-se 7,4%, todavia a taxa também é superior à média nacional”, realçou, sublinhando que a não adequação de medidas está a ter impacto negativo nos indicadores de saúde em São Nicolau, principalmente, na materno-infantil e na taxa de mortalidade geral que é a mais alta do país.
O deputado do PAICV alertou também para a situação da saúde materna na ilha, que, no seu entender, pioro, e apresentou dados referente a Ribeira Brava que indicam que a percentagem de mulheres que tiveram acesso à 1ª consulta pós-parto reduziu de 63,4% em 2017 para 43,8% em 2020.
No Tarrafal de São Nicolau, frisou, os dados face à redução é 62,5% em 2017 para 49,2% em 2020, o que, no seu entender, demonstra claramente o recuo dos indicadores de saúde materno infantil.
“Outra situação preocupante na ilha é a taxa de gravidez em menores de 17 anos. Tarrafal lidera o país com 10,2%, enquanto a média nacional é de 3,8%, quase o triplo. Os partos assistidos na Ribeira Brava reduziram de 43 em 2016 para 27 em 2020, e no Tarrafal, o número reduziu de 66 em 2016 para 33 em 2020”, acrescentou.
O deputado do PAICV considerou a perda “desenfreada” da população na ilha, como um crime social devido à emigração e migração forçada por falta de oportunidades na ilha de Chiquinho.
Quanto à “má gestão” dos recursos públicos, afirmou que as obras dos Paços do Concelho, do Tarrafal, orçadas em 75 mil contos, e que deveria ser inaugurada em Junho de 2022, estão abandonadas.
“Alguém ganhou excepto os munícipes que estão obrigados a pagar empréstimo junto à banca e onde funciona os Paços do Concelho. Polivalente, bem como a obra de expansão do Cemitério em Cabeçalinho foram todos abandonados, enquanto temos tectos em estado avançado de degradação, nesta e outras localidades”, disse.
Para terminar elencou os transportes aéreos e marítimos de/e para São Nicolau e restantes ilhas/São Nicolau como um “calvário” depois do completo falhanço da política de transportes.
“A situação caracteriza-se pela insuficiência nos transportes aéreos e marítimos com prejuízos para a população que reside, pelos emigrantes e pelas pessoas que visitam a ilha”, concluiu.
Fonte: Inforpress